Estou muito feliz, mais uma matéria na mídia da Florida! A Acontece Magazine, revista direcionada a comunidade brasileira no sul da Florida, me entrevistou para a primeira edição do ano 2016, um presente para mim! Obrigada Connie Rocha e Antonio Martins pela ajuda na divulgação do meu projeto aqui no site Viagem Acessível!
Desde os dez anos de idade, a carioca Debora Pedroso é cadeirante e usou o desafio de viver em uma cadeira de rodas para ensinar e transformar vidas. Dona do blog Viagem Acessível, ela divide com os seus seguidores dicas de acessibilidade na cidade de Miami e em outras cidades que visita, mostrando curiosidades e ensinando os portadores de deficiência física a conhecer os lugares com mais facilidade. A Acontece Magazine entrevistou Debora, que nos traz um grande exemplo de coragem, otimismo e determinação.
Debora, como e por que você veio morar em Miami ?
O que me trouxe aos Estados Unidos foi o amor! Eu pratiquei basquete em cadeira de rodas por 23 anos no Brasil, inclusive jogando pela seleção brasileira. Foi em uma dessas viagens com a equipe, em 2005, para o Colorado Springs, que eu conheci meu atual marido. Ele estava assistindo aos jogos e nos apaixonamos. Em menos de três mêses eu já estava morando com ele aqui na Flórida, e me mudei definitivamente em fevereiro de 2006.
Como surgiu a ideia do blog Viagem Acessível?
Quando me mudei para Miami, eu ficava fascinada com tudo o que via, principalmente com a acessibilidade da cidade para cadeirantes. Vivi 38 anos no Rio de Janeiro, com todas as dificuldades que envolvem o universo dos cadeirantes e aqui era tudo muito bonito e acessível. Então comecei a fazer vídeos para postar no Facebook. Para não perder todo esse material, decidi criar um espaço para mostrar as diferentes formas de acessibilidade em lugares que eu visito -além de também poder criar vídeos curiosos mostrando o dia a dia de um cadeirante, suas necessidades, dar consultoria de viagens e muito mais.
Qual o feedback das pessoas quando acessam o seu blog?
Muitos me parabenizam pela ideia, mas principalmente recebo muitos emails de pessoas que eu toquei de alguma maneira por meu jeito de ser, extrovertida, de bem com a vida e muito bem resolvida em relação à minha deficiência. As pessoas (deficientes ou não) se inspiram e se motivam a fazer algo melhor por elas mesmas. Só por isso meu trabalho já está valendo a pena.
Como é o processo de seleção e pesquisa dos lugares que você filma?
Tudo sai da minha cabeça e é de acordo com o que vejo e sinto necessidade de divulgar. Por exemplo, um dos meus vídeos mais recentes foi quando fui a praia e utilizei uma cadeira “anfíbia”, que estava disponível gratuitamente com o salva vidas na praia de Hollywood. Daí tive a ideia de fazer o vídeo “Como um Cadeirante Entra no Mar” e foi um sucesso!
Você recebe algum patrocínio ou ajuda de empresas para esse trabalho?
Comecei o projeto em agosto de 2015 e o patrocínio que conseguí até agora foi da Smart, uma empresa no Brasil que vende cadeira de rodas e outros equipamentos. Me tornei também representante internacional da empresa, ganhei deles uma cadeira de rodas novinha, tudo através do patrocínio. Agora estou tentando conseguir uma companhia aérea que possa patrocinar minhas viagens, e que eu possa mostrar a acessibilidade em outros países.
Como você compara a acessibilidade que você encontra nos EUA com a de outros países?
Viajei para poucos lugares, mas estive no Canadá e a acessibilidade nos transportes públicos é 100%. Eles têm calçadas maravilhosas para rodar minha cadeira, me senti totalmente livre e conheci vários lugares sozinha. Já no México, senti muita dificuldade nas calçadas pela falta de rampas e de banheiros adaptados. No Brasil, onde vivi toda a minha vida, eu gostaria de voltar para fazer um vídeo e descobrir o que mudou desde que me mudei para Miami. Acredito que, com as paraolimpíadas de 2016, sejam feitas melhorias de acessibilidade no Rio de Janeiro, que receberá deficientes de muitos países.
Como é a acessibilidade para pessoas com deficiência na cidade de Miami?
Fantástica! Os banheiros de lojas, restaurantes e shoppings são todos adaptados, mas os donos dos estabelecimentos são obrigados a construir o local com acessibilidade ou não recebem a autorização para construção, se não tiver por exemplo, banheiros adaptados aos deficientes. As calçadas de Miami são incríveis e com rampas na travessia de pedestres, as vagas de deficientes, respeitadas. Todos os ônibus são adaptados, estações de trem com plataformas, elevadores e banheiros adaptados dentro dos vagões. A cidade é, sem dúvidas, o sonho de todo cadeirante. Poder ir e vir como qualquer cidadão.
Na sua opinião, como é o mercado de trabalho para a pessoa com deficiência nos Estados Unidos?
Eu nunca trabalhei aqui como contratada ou empregada de algum empresa, mas acredito que não há dificuldades. O deficiente pode aplicar normalmente para qualquer emprego, pois com certeza as empresas terão suas dependências adaptadas para receber um cadeirante. Eu atualmente além do projeto do meu site, o viagemacessivel.com, tenho meu próprio negócio em sociedade com a companhia 4Life, atuando como empresária no ramo de construção de redes de negócios, e distribuidora independente, no deborapredroso.com
Por Connie Rocha – Foto: Gilvanda Morais
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