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 Uma outra entrevista para o Jornal Gazeta News, também direcionado a comunidade brasileira no Sul da Florida. Obrigada pela força Marisa Arruda.
Publicado em Setembro 10, 2015 por

metrô adaptadoA perda dos movimentos nas pernas aos 10 anos de idade nunca foi motivo para parar a carioca Debora Pedroso, de 48 anos. Durante 23 anos, ela foi jogadora de basquete, já foi atriz, trabalhou em escritório e quando veio morar nos Estados Unidos chegou a trabalhar até mesmo com limpeza, com a ajuda do marido. Com tanta experiência e disposição, Debora passou a realizar palestras para outros cadeirantes, para os quais ela serve de exemplo.

Vivendo nos Estados Unidos desde 2006, Debora, assim como todo o brasileiro, passou a comparar Brasil e EUA. Mas, para ela, há um ponto a mais: a acessibilidade. Foi assim que a carioca do Meier teve a ideia de lançar, há aproximadamente dois meses, o site ViagemAcessível.com. “Antes eu fazia os vídeos das minhas viagens, colocava no YouTube ou no Facebook, até que decidi colocar tudo em um site”, disse ela, que também é webdesigner.

No Brasil, segundo Debora, são poucos os lugares adaptados a cadeirantes, o que acaba estragando uma viagem inteira. “Se o banheiro não é acessível, você não pode tomar um suco ou mesmo uma cerveja, se sabe que vai demorar a chegar em casa”, descreve. “Já nos EUA, às vezes, o banheiro adaptado não é visível, mas com certeza existe”.

A ideia do site é mostrar a infraestrutrura das cidades, como andar de trem, ônibus, metrô. “A maioria das cidades dos EUA é acessível, talvez por causa dos veteranos de guerra. Espero que o meu site também sirva de parâmetro para que o Brasil se torne mais acessível”, disse. “As vagas de estacionamento especiais aqui, nos EUA, são muito respeitadas, enquanto no Brasil eu tinha que lutar o tempo todo para conscientizar as pessoas. Aqui, enquanto deficiente, também consigo encontrar a qualidade de vida que todo brasileiro busca nos EUA”.

Do vírus à adaptação
Aos 10 anos de idade, Debora contraiu um vírus raro, chamado Síndrome de Guillambarré, que fez com que perdesse os movimentos das pernas da noite para o dia.

Por anos, Debora ficou em tratamento, fez cirurgias, mas nunca recuperou o movimento das pernas. “Hoje em dia, há tratamentos para a recuperação com o uso de antivirais, se feito dentro de seis meses, mas na época ninguém conhecia o vírus e o meu foi o primeiro caso do Brasil”, explica.

Aos 17 anos, Debora começou a praticar basquete em cadeira de rodas e chegou a jogar na Seleção Brasileira Feminina de basquete em cadeira de rodas, chegando a competir, em 2005, no Colorado. Foi aí que ela conheceu o seu atual marido, motivo que fez com que se mudasse para Dania Beach, no ano seguinte.

Debora largou o basquete profissional, mas nunca parou de praticar esportes, o que, segundo ela, fez toda a diferença em sua vida.

“Eu passei a conviver com outros deficientes e isso me fez ver o quanto a reabilitação através do esporte é fantástica. Você aprende com os outros a ter a sua independência”, disse ela. “Eu tenho um carro adaptado, consigo colocar a cadeira de rodas no carro, cozinho e viajo sozinha, desde que tenha todas as adaptações”.

Exemplo

Em paralelo ao esporte, Debora se envolveu por algum tempo com o teatro. Ela e outras 11940060_1123729984321488_719090634_ocadeirantes ficaram em cartaz com a peça “Mulheres Rodadas”, uma peça de conscientização ao público. Depois disso, a carioca passou a realizar palestras, no Brasil, para ensinar às outras pessoas a se adaptar a essa vida.

Ao chegar aos EUA, Debora conta que, como todo o imigrante, fez todo o tipo de trabalho e até iniciou uma companhia de limpeza de prédios comerciais junto com o marido. Depois, finalmente começou a se dedicar ao trabalho de webdesigner e é representante comercial de uma marca de suplementos, além, claro, do site ViagemAcessível.com.

Para mais informações, visite: Viagemacessivel.com

Link original da matéria: WWW.GAZETANEWS.COM